quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Devaneios errantes

    Para ser grande, sê inteiro: nada
    Teu exagera ou exclui.
    Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
    No mínimo que fazes.
    Assim em cada lago a lua toda
    Brilha, porque alta vive.

    Ricardo Reis, 14-2-1933

    Tudo quanto penso,
    Tudo quanto sou
    É um deserto imenso
    Onde nem eu estou.

    Extensão parada
    Sem nada a estar ali,
    Areia peneirada
    Vou dar-lhe a ferroada
    Da vida que vivi.

    [...]

    Fernando Pessoa, 18-3-1935

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